Perante um Estádio do Bessa em ebulição, os dragões mostraram-se mais fortes no dérbi da Invicta, desta feita disputado no relvado dos axadrezados, garantindo um triunfo por 2-1 no palco de tantas batalhas memoráveis que acolhia mais um capítulo da rica história deste dérbi. Desta vez, o Boavista, a precisar de pontos para escapar à despromoção, recebia um FC Porto sob a batuta do sul-americano Martín Anselmi, um dragão faminto por consolidar a sua posição no campeonato. A noite, com a sua habitual atmosfera carregada de rivalidade, prometia um embate intenso entre o xadrez e o azul e branco, com o favoritismo a cair, naturalmente, para o lado portista.
Fiel à sua ambição, o FC Porto entrou determinado em impor o seu jogo, obrigando logo ao terceiro minuto o guarda-redes Vaclik a uma defesa apertada após um remate de Fábio Pereira. Depois de algumas tentativas de inaugurar o marcador, a turma portista conseguiu mesmo os seus intentos e uma vez mais pelo suspeito do costume, o menino de ouro dos dragões, Gonçalo Mora, ele que voltou a assinar uma verdadeira obra de arte com um pontapé desferido de fora da área, levando a bola a entrar ao segundo poste, bem no vértice da baliza de Vaclik sem hipóteses para este. Estavam passados por esta altura 20 minutos quando o FC Porto inaugurava o marcador.
Cinco minutos depois, ao minuto 25′, surgia o segundo golo para o FC Porto, na sequência de um pontapé de canto. A bola ficou à mercê de quem tentasse rematar à baliza, acabou por ser Nehuén Pérez a fazê-lo, acabando a bola por bater em Marcano desviando a sua trajectória com a bola a terminar no fundo da baliza da turma axadrezada com o guardião Vaclik apenas a ver sem tempo de reagir. Dois golpes certeiros acabavam assim por encaminhar o FC Porto para a vitória, num jogo em que havia ainda tempo para muitas incidências.



O Boavista procurou chegar à área da baliza à guarda de Diogo Costa, e a verdade é que a persistência axadrezada encontrou um caminho inesperado para reacender a esperança. Num lance caricato, Zé Pedro, com a intenção de aliviar a pressão e lançar a bola para o ataque, rematou inadvertidamente contra o braço levantado do seu colega de equipa, Nehuén Perez. O árbitro Cláudio Pereira não hesitou e assinalou grande penalidade favorável ao Boavista, num lance em que ficou claro que não houve qualquer intenção por parte do jogador do FC Porto em cortar o lance.
Na transformação do castigo máximo, e já depois do guarda-redes portista ter retirado diversas bóias atiradas pelos adeptos portistas para trás da baliza, num gesto de provocação assinalando a necessidade dos axadrezados em ficarem acima da “linha de água” na classificação da I Liga, Miguel Reisinho, com a responsabilidade nos pés, enganou Diogo Costa e reduziu a desvantagem. O primeiro tempo viria a terminar com um marcador de 1-2, deixando tudo em aberto para a segunda metade. Antes do intervalo o jogo ainda teve que ser interrompido, numa paragem provocada por tochas atiradas para a zona frontal à baliza de Diogo Costa pelos Super Dragões, a claque da turma do FC Porto.
Após o intervalo, a toada do jogo manteve a intensidade. O Boavista, impulsionado pelo golo e pelo apoio fervoroso dos seus adeptos, procurou o empate com afinco, esbarrando numa defesa portista coesa e atenta, orientada por Anselmi. A entrega dos jogadores axadrezados era notória, a vontade de contrariar o poderio do rival era evidente em cada disputa de bola.


O FC Porto, agora sob nova liderança técnica, demonstrava uma organização tática pragmática, procurando controlar o ritmo do jogo e aproveitar os espaços concedidos pelo adversário para dilatar a vantagem. A experiência de alguns dos seus jogadores era fundamental para gerir os momentos de maior pressão exercida pelo Boavista.
A segunda parte assistiu a uma batalha tática interessante, com o Boavista a arriscar mais na frente e o FC Porto a tentar capitalizar nos contra-ataques. O nervosismo era palpável nas bancadas, com ambas as equipas a darem tudo em campo. O primeiro lance de golo foi assinado por Diaby, a ultrapassar Marcano e a obrigar Diogo Costa a uma defesa mais apertada. Do lado do FC Porto era Samu quem mais procurava o golo, a superioridade portista nunca esteve em causa, mas a verdade é que a entrega e a luta por parte das duas equipas não foram suficientes para que surgisse mais nenhum golo neste jogo.
O apito final ecoou assim no Bessa, selando a vitória do FC Porto por 1-2, um resultado que deixa o conjunto portista definitivamente no terceiro lugar do campeonato da I Liga, à frente do Sporting de Braga. Já da parte do Boavista, este resultado negativo na mesma jornada em que AVS e Farense conseguiram vencer deixa o conjunto axadrezado numa situação mais complicada, depois de um jogo em que ficou o reconhecimento da combatividade da equipa boavisteira.



Na última jornada o FC Porto recebe a formação do Nacional no Estádio do Dragão, sábado às 18h00, à mesma hora em que o Boavista estará a disputar o seu derradeiro jogo do presente campeonato da I Liga no terreno do Arouca, um adversário que tem já a manutenção garantida com um posicionamento tranquilo a meio da tabela classificativa.