Só menos de metade dos jovens considera ter conhecimentos suficientes em áreas ambientais, sendo que 60% assumem que essas ‘green skills’ são fundamentais para singrar no mercado de trabalho.
Um estudo da consultora francesa Capgemini, em colaboração com a UNICEF, mostra que a preocupação dos jovens com o combate às alterações climáticas tem vindo a subir: mais de dois terços em todo o mundo mostram-se apreensivos com a forma como podem afetar o seu futuro, o que representa um aumento face aos dados recolhidos em 2023, quando um inquérito da UNICEF nos EUA revelou que 57% dos jovens a nível mundial sofriam de ‘ansiedade ambiental’.
O novo estudo – que inquiriu via online 5.100 jovens entre 16 e 24 anos de 21 países da África, Américas, Ásia-Pacífico e Europa, 83% dos quais a viver no hemisfério sul – mostra, contudo, que a “maioria dos jovens ainda tem esperança de que seja possível reverter o problema e resolver as questões com que nos confrontamos” a nível ambiental.
Ao auscultar jovens de todo o mundo, o estudo ‘Young People’s Perspetives on Climate: Preparing for a Sustainable Future’ (que pode ser consultado em inglês através desta ligação) ” revela haver uma preocupação diferente com as alterações climáticas entre jovens a viverem em zonas urbanas, em que 72% se mostram preocupados, contra apenas 58% dos que vivem em zonas rurais.
Competências ambientais
O estudo conclui que só menos de metade dos jovens em todo o mundo (44%) acredita possuir as competências ambientais necessárias para poder ser bem-sucedido no atual mercado de trabalho. Neste contexto, verifica-se igualmente que os jovens das zonas rurais estão ainda mais atrasados do que os das zonas suburbanas e urbanas.
A percentagem também varia conforme as regiões. No hemisfério sul, cerca de seis em cada dez jovens brasileiros afirmam possuir competências ambientais, um valor que contrasta fortemente com os 5% dos jovens etíopes que dizem possuí-las.
O problema é que, segundo a análise da consultora Capgemini, os conhecimentos dos jovens no que diz respeito às competências ambientais regrediram desde 2023, quando foi realizado um anterior estudo. À parte a preocupação no hemisfério norte com a reciclagem e a redução de resíduos, os “conhecimentos de design sustentável, energia e transportes diminuiram significativamente desde 2023.”
Sarika Naik, responsável da Capgemini, salienta que o “estudo evidencia o quão importante é que as empresas, os governos e os líderes da área da educação trabalhem em conjunto para colmatar o défice de competências, dando voz e habilitando os jovens, criando vias de acesso a carreiras profissionais com impacto positivo a nível ambiental.”
Por seu lado, Kevin Frey, da UNICEF, sublinha a importância dos “jovens a adquirirem as competências e as oportunidades de que necessitam para poderem agir no combate às alterações climáticas, criarem empresas ambientalmente sustentáveis, terem acesso a empregos e carreiras na área do ambiente e a colocarem em prática soluções verdes.”
LusoNotícias